UM FANTÁSTICO ANO NOVO

A crise, o aumento do IVA, a redução das deduções em face de IRS, os sucessivos PEC´s que tardam em dar resultados positivos e palpáveis e por fim o FMI, deram ao longo de 2010 o mote para a abertura de todos os serviços noticiosos em todos os meios de comunicação. Pior, criaram na sociedade Portuguesa uma descrença enorme e uma desconfiança total, mas entendíveis, que de alguma forma nos levaram a todos a andar de olhares cinzentos pregados ao chão, como se tivéssemos a pairar sobre as nossas cabeças a mais violenta das tempestade que dos cinzentos céus sobre nós se pode abater a qualquer momento. Efectivamente, as perspectivas para o próximo ano não são de forma alguma animadoras devido às medidas anunciadas pelo Governo.

No entanto, nós, os “bikedependentes”, somos capazes de ultrapassar mais estas dificuldades - tenho certeza!

Nada como numa manhã fresca sentir o vento frio na cara, ouvir os sons provenientes das folhagens, dos riachos e do canto dos pássaros que de forma esfuziante nos saúdam a cada curva, sentir o cheiro a terra molhada, o ar fresco, a chuva e o sol e o calor, saborear o salgado das gotas de suor que nos correm pelo rosto, a adrenalina de mais uma DESCIDA alucinante e de mais uma exigente subida onde os nossos batimentos cardíacos nos fazem sentir vivos. Nós somos assim, não sobrevivemos, antes, estamos vivos!

Por tudo isto e muito mais que me deixariam aqui pregado horas a fio a escrever, tenho que vos agradecer a todos a oportunidade que me dão de poder convosco mergulhar neste mar de emoções e desejar-vos um FANTÁSTICO ANO NOVO!

Humberto Carvalheira

RELATO NA PRIMEIRA PESSOA DA BESELGA/2010


Como o título sugere, desta vez faço uso deste espaço para fazer o relato pessoal da minha participação na meia maratona (6ª) de Beselga.
Com este, não quero para mim quaisquer “louros” ou tão pouco auto-promoção, quero antes espevitar um pouco a chama criativa deste grupo, que sei bem existir mas que nos últimos tempos tem andado um pouco apagada.

À hora prevista foi dada ordem de partida e pela frente tinha cerca de 50 km e um Desnível Acumulado de 985,35 mts (perfils).
Os primeiros 8 km iniciais foram... diria no mínimo stressantes. Centenas de bttistas ao meu redor, sendo que pedalar em pelotão não é propriamente o que eu faço com mais avontade, ainda menos com travagens, encostos, cotoveladas e claro os já famosos pregões... direita... esquerda... e, para meu espanto, meio, meio, meio...???
Em boa verdade eu não estava ali por estar. Tinha os meus objectivos definidos e ia fazer tudo para os cumprir. Não estou seguramente numa categoria superior em relação a quem quer que seja, mas tinha simplesmente objectivos: terminar de boa saúde, obviamente isto implicava não sofrer acidentes, ficar classificado nos 100 primeiros lugares, fazer um tempo dentro das 3 horas e ser o primeiro SeverTeammista a cortar a meta; já ganhei o Jantar de Natal!!!
Aos 18 km, zona do primeiro abastecimento, já estava como peixe na água. Quentinho e reabastecido procurei a minha zona de conforto cardo-respiratória e “pernas para que te quero” encosta acima. Na subida das eólicas surpreendeu-me a facilidade com ia deixando outros bttistas pregados ao chão que teimavam em massacrar a “mudança da avozinha”. Mas, como tudo o que sobe forçosamente desce, na descida para a barragem logo percebi o significado de “descer rápido” e mais uma vez se repetiam os pregões direita, esquerda, meio, meio, meio... Kamikazes... digo eu. De facto, agora era a minha vez de ser ultrapassado por alguns daqueles por quem tinha passado antes. Nem por isso me deixei impressionar, até porque sabia que as minhas oportunidades ainda não tinham terminado. E de facto poucos metros à frente já muitos empurravam a pé as bicicletas encosta acima. Era a minha vez brilhar... desviem-se, desviem-se, deixem passar...
A paisagem por lá é sempre magnifica, mas nesta altura do ano em determinadas zonas tem vistas dignas dos melhores postais outonais, bonito e encorajador. Neste cenário que muito aprecio, tentei abstrair-me das dificuldades que também já começava a sentir mantendo um ritmo confortável mas produtivo. Quando atingi os últimos cinco quilómetros concentrei-me ainda mais nos objectivos a que me tinha proposto e quase sem dar por isso estava lá, tinha chegado ao fim!

Estava bem, não estava esgotado e claro feliz!
78*6*Humberto da Silva Carvalheira*SeverTeamBTT*Sever do Vouga*03:03:33,80*44:55,62

Rota do Bacalhau

Apesar das lesões infortunas que nos últimos tempos atingiram alguns elementos do Sever Team BTT e da indisponibilidade de outros por razões de natureza pessoal, ainda conseguimos mobilizar um grupo de quatro elementos efectivos com vista à participação na “Rota do Bacalhau” que decorreu na vizinha cidade de Ílhavo no passado dia 6 de Junho.


Obra da Criança, Rotary Club de Ílhavo, Rota do Bacalhau!
Uma trilogia, uma ideia, um objectivo, uma
maratona. - Assim foi apresentada através do forum btt, aos potências participantes, aquele que acabaria por se revelar um evento de elevada grandeza organizativa.

Claro era o objectivo, ao criar-se em torno do ciclismo na sua vertente btt um evento que aliasse à componente desportiva e recreativa a angariação de fundos com fins solidários que revertessem a favor da Obra da Criança.

O Museu Marítimo, (com o secretariado e zona de partida ali instalados) e o Centro Cultural com a meta aí centralizada, foram os expoentes máximos no que à promoção da cidade de Ílhavo diz respeito.

Muitos foram os ilhavenses que de forma entusiasta acompanharam esta prova, quer na zona de partida, quer na zona de meta que estava transformada numa autêntica “zona espectáculo”. Também no decorrer do percurso foram muitos os que nos aplaudiram, incentivaram, enfim, contribuíram e muito para a festa do btt nas terras e areias de Ílhavo. Foi bonito. O percurso apesar se sofrer logo na fase inicial de algum efeito “garrafão” acabou por sobressair pela sua rapidez, mas também pelos muitos km de singletracks, sempre espectaculares, bem trabalhados e sempre bem sinalizados nas zonas de maior perigosidade. Foram cerca de 500 os participantes que pedalaram pelos trilhos da Rota do Bacalhau, numa mistura de cores já típica destes eventos, e onde naturalmente nos incluímos!

Foi bem visível um claro empenho na segurança e bem estar dos participantes, protegendo-os sempre nas zonas de maior risco, facultando-lhes três zonas de assistências bem guarnecidas e nos locais correctos, estando bem calculadas quer em termos de distâncias percorridas quer em termos de esforços despendidos para as alcançar. Uma organização composta por gente muito prestável e de uma simpatia elevada – não posso deixar de aplaudir o desempenho formidável dos Escuteiros, que sempre com um sorriso nos lábios mais pareciam um pequeno exercito bem consciente e preparado para o cumprimento da missão que lhe foi designada – Parabéns!

Como já referi, a meta foi montada numa autentica zona espectáculo em redor do Centro Cultural de Ílhavo, sendo antecedida por um ziguezagueante percurso desenhado pelo centro mais antigo da cidade, aqui com algum perigo, dado que o piso é em calçada e as ruas muito estreitas, mas também aqui, quer a organização quer os próprios populares iam apelando à prudência e alertando para as zonas que evidenciavam maiores riscos de queda.

Os SEVERTEAMISTAS presentes tiveram um prestação regular, defendendo bem as cores da camisola, ficando três deles classificados na primeira metade da tabela de tomada de tempos, posições 134, 138 e 170. Ao quarto participante não coube a mesma sorte, vendo-se obrigado a desistir ainda numa fase prematura da prova devido a avaria mecânica.

No entanto, no final estava-mos todos de boa saúde e com um grande apetite para saborear-mos a deliciosa refeição que nos foi servida à mesa sentados, composta pelo bom bacalhau acompanhado com “batatinhas a murro” – soberbo!

Desde já aguardamos pela próxima – Até Lá!

Rescaldo Mértola-Ponte de Sôr (1 a 3/5/2009)

Dando cumprimento ao plano de actividades estabelecido para a época bttista que ainda decorre, a Sever Team BTT foi até Mértola para ali dar início a mais uma aventureira e corajosa travessia até ao norte alentejano – Ponte de Sôr.
Antes de se abrirem as hostilidades, foi efectuado um briefing na torre de menagem do castelo daquela vila museu, onde foi feita uma revisão às tácticas que iriam ser implementadas.


As dificuldades encontradas no 1º dia para desbravar a serra algarvia foram um tónico para saborear o Alentejo profundo que não deixa de ser um hino à tranquilidade com nostalgia à mistura.
Os 300 Kms percorridos durante os 3 dias inspiraram o grupo para registar, em jeito de poesia, algumas das nossas façanhas.


A Mértola fomos dormir
E tomar inspiração.
O Guadiana acenou:
-- Encontramo-nos em Mourão!

A força foi companheira
Desde a canela ao pescoço
A montanha encorajou-nos:
-- Em Serpa está o almoço!

Em Pias foi degustado
O néctar da região
Depressa conquistamos Moura
E repousamos em Mourão.

Reencontramos o Guadiana
Antes de escalar Monsaraz
O vale do Alqueva tão belo
Já ficava lá para trás.

O sol já estava a pino
Na ligação a Terena.
Chupa na burra, queijinho
E paisagem alentejana.

Com uma paciência ímpar
O Pinho no Alandroal
Reservou-nos uma sala
Debaixo daquele choupal!

Ali o Chefe Silva montou
A cozinha já esperada
O habitut cantou:
--“Estamos com uma pedalada!”

Dr Gouveia brilhou
Na farmácia Alandroal
Ao prescrever o tal creme
Que não fez bem nem fez mal.

Com muita transpiração
Até coca-cola já ia
E o jumbo ia afinando
A quadra que se seguia:

Na planície alentejana
Papoilas rolantes cantavam
Montados nas suas éguas
Kilómetros para trás deixavam

Raras vezes foi referido:
--“Para trás que por aqui não dá”
Graças ao nosso GPS
E á liderança do papá.

Vila Viçosa tão bela
Convidou-nos p´ra lanchar.
Na esplanada dos crepes
Vimos os noivos passar.

O “Sorriso” de Sousel
Acolheu-nos ao sol pôr.
Na madrugada seguinte
Rumamos a Ponte de Sor.

Com o objectivo cumprido
Na Fazenda disse o atchim,
Confrontado com as migas:
--“Nunca comi nada assim!”

TESTE BIKE - Genius/Spark - Cela Velha


TESTE BIKE - Genius/Spark

Dos peritos do carbono, tive a oportunidade de efectuar um teste-drive ás Scott Genius e Spark (20).

Faço aqui a minha avaliação pessoal e o relato das aventuras vividas aos comandos destas máquinas!

Num primeiro contacto com a Genius, fiquei com a ideia de que esta bike não era a mais adequada, quer pela geometria do quadro quer pelas suspensões que monta, ao btt que habitualmente pratico – longas tiradas e/ou passeios em trilhos adequados a ritmos de maratona onde o conforto, desempenho rápido, agilidade e leveza são factores bem importantes.

Enganei-me.
Atrevo-me a dizer que esta bicicleta é polivalente e faz quase tudo bem.
Desce desinibida e perfeitamente à vontade para o que muito contribui a Fox 32 Talas RL com 3 travel position 100-125-150 mm montada na frente, bem como o Scott Equalizer 2 também com 3 modos Lockout-Traction-Full Travel montado na retaguarda. Este em particular é uma delicia a rolar e a absorver na perfeição cada irregularidade do terreno mantendo sempre a roda posterior em contacto com o piso, anulando por completo o efeito “couço” que se sente noutras bicicletas de suspensão total. Pessoalmente classifico o Scott Equalizer 2 como sendo a “jóia da coroa” montado neste quadro que só por sí é excepcional. De facto o Scott Genius com tecnologia IMP, braço oscilante em carbono HMF NET, drop outs em carbono com a ponteira substituível, rolamentos aeronáuticos e a possibilidade de fazer 150 mm de curso, tudo isto sem incremento de peso, é fenomenal!

A subir, dada a sua leveza, até nos esquecemos que estamos montados numa bicicleta com características predominantemente enduristas com um curso de 150 mm. Obviamente que aqui entram em funcionamento as opções já referidas (3 travel position 100-125-150 e os 3 modos Lockout-Traction-Full Travel) que nos permitem adaptar o curso às necessidades especificas.

Testei a Genius nos trilhos circundantes a Sever do Vouga, alguns bem complicados (quem conhece sabe do que falo), mas onde esta bike está como peixe na água.

Mais recentemente levei no fim de semana da Páscoa para a Cela Velha – Alcobaça, a Spark.

Na Cela Velha ergue-se um monumento ao General Humberto Delgado, obra moderna da autoria do escultor alcobacense José Aurélio, recheado de simbolismo para homenagear a grande figura da oposição portuguesa, que ousou desafiar o regime ditatorial, quando se candidatou às pseudo-eleições livres para a Presidência da República de 1958. Esta proeza valeu-lhe a designação de “General sem medo” mas pagou com a vida a batalha que travou em prol dos ideais da liberdade, sendo assassinado em Espanha a mando da PIDE. O monumento em cimento ergue-se no morro sob a forma de pequenos gomos, que representam as forças opressoras fragmentadas por um bloco ao centro simbolizando o estilhaço da força da liberdade e dois pequenos gomos estão no centro da povoação. Este monumento foi inaugurado em 22 de Julho de 1976, com a presença do então Primeiro-Ministro, Mário Soares e muitos milhares de pessoas.

Por lá tive o privilégio de acompanhado pelo Sérgio Humberto percorrer muitos quilómetros, muitos deles feitos no Pinhal de Leiria (Matas Nacionais), partindo para norte de Valado dos Frades até próximo de São Pedro de Moel e para sul nas serras dos Mangos e da Pescaria partindo da Cela Velha até São Martinho do Porto, percorrendo todas estas zonas repetidamente, desfrutando durante três dias de toda esta natureza exuberante e típica da zona oeste do nosso país, numa mistura de serra/mar inigualável, encontrando as mais diversas condições no que ao piso diz respeito mas com predominância da areia – muita areia. Nestas condições, a Spark não teve vida fácil e embora este tipo de piso não facilite nada a ninguém, ultrapassou com alguma facilidade as dificuldades naturais, proporcionando sempre um andamento vivo e deixando quem a conduzia (à vez) de sorriso nos lábios pelo prazer que nos dava – soberba, afinal.

Não posso deixar de agradecer ao Paulo Ramirez a(s) oportunidade(s) que nos deu de pilotar-mos estas máquinas da Scott, as quais sinceramente nos deixam de água na boca.

Fico ansioso pela próxima oportunidade, quem sabe já no Mértola/Ponte de Sôr que se aproxima a passos largos...

Terça-feira, 14 de Abril de 2009
Carvalheira, Humberto