Lamentavelmente em poucas horas neste incêndio perderam-se mais uns quantos hectares de floresta viva no nosso concelho.
Obviamente, não sei quem são ou foram os responsáveis por tal, da mesma forma que desconheço a fórmula mágica para evitar este tipo de catástrofes. Não me compete nem quero fazer juízo ou recriminar quem quer que seja, limitando-me a escrever o que me vai na alma.
Desta vez, tocou mais fundo no coração daqueles que como eu são praticantes e aficionados das actividades outdoor nomeadamente o BTT. É na qualidade de praticante desta actividade que aqui relato o que hoje vi e senti.
Pela manhã, montado na minha Bicicleta Todo Terreno, (só assim se consegue ter a verdadeira percepção dos factos), mergulhei naquele mar de cinzas e senti-me mal. Senti-me mal por ter percebido que uma parte significativa do parque natural que tão bem servia a prática que tanto prezo estava irremediavelmente e por longos tempos destruído.
Hoje, uma parte desse cenário natural está moribundo. Pedalei pelas suas entranhas durante cerca de duas horas e meia e testemunhei a morbidez que se sente no cheiro, no tacto, na audição e visão e no sabor a queimado que o ar transporta e se entranha dentro de nós. O nauseabundo cheiro a floresta queimada, os verdes primavera que agora foram substituídos por tons de nojo, a cinza que se mistura com a terra árida, o crepitar e estalar de madeira recentemente carbonizada, a visão turva pela fumaça branca que ainda se ergue aqui e ali nos profundos vales, fazem-me perder as forças, fazem-me sentir impotente perante tão dantesco cenário de TERRA QUEIMADA.
Pude observar alguns rostos sujos e olhares visivelmente cansados e tristes de homens e mulheres, que ainda de prevenção, durante horas a fio lutaram corajosamente e com todas as suas forças contra este incêndio tentando minimizar o tão mal que a todos nos causa. Para esses homens e mulheres, deixo aqui o meu apreço e um abraço de gratidão do tamanho do mundo.
Bem hajam!
Como que por graça, as águas límpidas do Rio Mau continuavam alegremente a fazerem-se ouvir no seu agradável canto por entre pedras e pequenas cascatas do seu leito serpenteado que as conduz à foz no Rio Vouga, deixando no ar um leve sinal de esperança. Aqui e ali ouviam-se também o chilrear de um ou outro pássaro que heroicamente conseguiu sobreviver ao fogo e que hoje, não sei se canta vitória ou se chora todo o muito que perdeu.
Não tenho forças ou puderes para mudar este estado de coisas, mas posso sempre deixar aqui o meu grito de raiva e, como já alguém um dia disse, NUNCA MAIS, NUNCA MAIS...
quinta-feira, 26 de Março de 2009
Carvalheira, Humberto
Fomos dar uma volta por aqueles trilhos é realmente desolador.
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